Por falar na gráfica, tinha uma faxineira lá que era uma "figurinha carimbada": a Nara.
Boa baiana, tinha uns 37 anos e 4 filhos. Casou cedo, com 15. Veio pra SP vinte anos depois, fugindo do marido que batia nela e tinha uma amante. Veio sozinha, com uma mão na frente e outra atrás, mas um irmão dela que morava não-sei-onde, arrumou um cantinho no cantinho dele. Uma semana depois, conseguiu o emprego na gráfica. Logo, deu um jeito montar um barraco, de trazer os filhos (3 homens e uma mulher, a mais velha) e empregá-los. A última vez que eu soube dela, há uns 6 anos, ela tava morando numa casa construída por programa de habitação popular na Grande SP.
Ela era uma pessoa humilde, trabalhadora, bem-humorada e muito engraçada. Lembro bem da cara de espanto dela quando viu chuva de granizo pela primeira vez.
Um dia ela chegou pra gente toda contente contando que o filho caçula (12 anos?) que trabalhava de pacoteiro num supermercado fora promovido:
- Sim, agora ele é reprodutor!!! (repositor)
Numa outra vez, o nosso pagamento, que era em dinheiro, veio em cheque pra gente descontar no banco. Desconfiada, ela foi perguntar pro cara que fazia o pagamento:
- João, este cheque não tinha que ser um cheque abdominal? (nominal)
Ríamos muito e ela não se importava, ria também.
Era legal quando a Nara, muitas vezes falando das dificuldades da vida, dizia que tinha orgulho de ser faxineira, pobre, mas manter a cabeça erguida, criando os filhos com retidão e "sem dever nada pra ninguém". Dizia "nóis é pobre, mas é limpinho" e caia na gargalhada.
Boa baiana, tinha uns 37 anos e 4 filhos. Casou cedo, com 15. Veio pra SP vinte anos depois, fugindo do marido que batia nela e tinha uma amante. Veio sozinha, com uma mão na frente e outra atrás, mas um irmão dela que morava não-sei-onde, arrumou um cantinho no cantinho dele. Uma semana depois, conseguiu o emprego na gráfica. Logo, deu um jeito montar um barraco, de trazer os filhos (3 homens e uma mulher, a mais velha) e empregá-los. A última vez que eu soube dela, há uns 6 anos, ela tava morando numa casa construída por programa de habitação popular na Grande SP.
Ela era uma pessoa humilde, trabalhadora, bem-humorada e muito engraçada. Lembro bem da cara de espanto dela quando viu chuva de granizo pela primeira vez.
Um dia ela chegou pra gente toda contente contando que o filho caçula (12 anos?) que trabalhava de pacoteiro num supermercado fora promovido:
- Sim, agora ele é reprodutor!!! (repositor)
Numa outra vez, o nosso pagamento, que era em dinheiro, veio em cheque pra gente descontar no banco. Desconfiada, ela foi perguntar pro cara que fazia o pagamento:
- João, este cheque não tinha que ser um cheque abdominal? (nominal)
Ríamos muito e ela não se importava, ria também.
Era legal quando a Nara, muitas vezes falando das dificuldades da vida, dizia que tinha orgulho de ser faxineira, pobre, mas manter a cabeça erguida, criando os filhos com retidão e "sem dever nada pra ninguém". Dizia "nóis é pobre, mas é limpinho" e caia na gargalhada.
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